A gigantesca missão do etanol


Um novo relatório divulgado pela Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) e pela Agência Internacional de Energia (IEA) apontou que é preciso acelerar os esforços para atingir as metas estabelecidas na 21ª Conferência do Clima (COP 21), realizada em dezembro de 2015, em Paris. De acordo com o relatório, para que o mundo chegue a 66% das metas propostas, algumas medidas excepcionais são necessárias.

A demanda é global, e o etanol brasileiro de cana deve assumir definitivamente o seu protagonismo, em busca de soluções rápidas e eficazes que devolvam a competitividade da indústria e contribuam para uma nova estratégia por mobilidade com menos carbono. Nessa esfera, programas como o RenovaBio, que tem como missão incentivar a produção e o uso de biocombustíveis, aliado ao programa Rota 2030, que estabelece um novo regime automotivo do País e estimula a penetração e a consolidação de produtos com maior eficiência energética e sustentabilidade, devem receber atenção prioritária e serem acelerados.

É preciso avançar na agenda e reunir esforços para que, com a implantação de políticas públicas e uma perspectiva de longo prazo, o Brasil possa exercer suas vantagens competitivas e assumir a dianteira nessa jornada. O momento é único de oportunidades para uma interlocução clara e assertiva, com uma agenda pública junto aos órgãos competentes para mostrar a importância do desenvolvimento do setor.

A cana-de-açúcar precisa, mais uma vez, ser reforçada como uma matéria-prima essencial para a economia e o etanol já tem seu devido reconhecimento para a matriz energética brasileira. Enquanto o mundo exibe uma matriz composta por apenas 13% de energia renovável – caindo para 9% quando considerados os 34 países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que são os mais industrializados –, o Brasil é exemplo no uso de fontes renováveis, com cerca de 40% de energia limpa.

O setor sucroenergético é um aliado chave nessa empreitada, já que a meta nacional é atingir a participação de 18% de biocombustíveis na matriz energética, nos próximos 14 anos. Para a produção de etanol, isso significa acrescentar mais 22 bilhões de litros anuais, quase dobrando a produção atual de 28 bilhões.

O País, é fato, já avançou um longo caminho na produção de energia de baixo carbono, não apenas por meio da produção do etanol, mas também através da bioenergia gerada a partir de biomassa de cana-de-açúcar e outros derivados, do etanol de segunda geração e da cogeração de energia. As empresas investiram em pesquisa e tecnologia para aumentar a produtividade dentro da mesma área plantada, produzir mais etanol com a mesmo volume de cana e otimizar o ATR das plantas, que é o seu índice de açúcar, reforçando uma cultura de menor desperdício e maior sustentabilidade. O setor está maduro e passa por um processo de consolidação que deverá resultar em novos projetos para a expansão da sua capacidade produtiva que impactarão as metas do País. Por isso, é preciso focar nos próximos passos, que serão decisivos para o futuro da indústria.

Agora, os esforços devem caminhar no sentido de criar uma sinergia nacional de contribuição para o transporte de baixo carbono. Nesse contexto, indústrias como a automobilística e a de aviação, por exemplo, devem contribuir para incorporar novas soluções que absorvam combustíveis de fontes limpas e renováveis. Parcerias são necessárias, essenciais e muito bem-vindas. Os desafios são gigantescos, já que em 2050 cerca de 60% de todos os combustíveis no setor dos transportes teriam de ser de baixo carbono, uma mudança significativa ante os 3% atuais. Por fim, é preciso capitalizar a competitividade do setor, criando mecanismos que possibilitem à indústria investir na produção, priorizando o combustível no mix de produtos. Isso também se faz por meio de conscientização e políticas públicas que estimulem o consumidor a abastecer preferencialmente com etanol. Afinal, a atitude significa contribuir para menos emissões e mais sustentabilidade.

 Fonte: Dinheiro Rural 

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