Brasil precisa exportar inovação para aproveitar “janela” do mercado
A economia mundial já esteve melhor. países têm sofrido para crescer em um cenário mais instável. Apesar disso, o Brasil tem uma “janela” de oportunidade. A guerra comercial entre China e Estados Unidos (EUA) e a potencial corrida espacial para levar novamente o homem à Lua – ou até mesmo uma mulher – pode alavancar a presença internacional do Brasil, diz Paulo Vicente, professor de Estratégia e Gestão Pública da Fundação Dom Cabral. E a oportunidade brasileira só se concretizará se for pela tecnologia.
“Brasil tem que se reindustrializar para se tornar um polo exportador e atendar as novas demandas do mercado externo”, diz Vicente, durante o evento Brasil: uma janela para a internacionalização, que aconteceu hoje (11/09), em São Paulo (SP).
Segundo o professor, o país precisa investir em três principais setores: energético, agronegócio e espacial. “Não precisamos inventar nova tecnologia, mas aproveitar o know-how que já temos e agregar valor”, afirma. Vicente afirma que o Brasil tem relevância em cada área, mas precisa inovar – e rápido, para não perder o timing do mercado externo.
Inteligência artificial (IA), robótica, internet das coisas, nanotecnologia. Todas essas tecnologias, de acordo com Vicente, têm o potencial de reduzir os principais problemas brasileiros, como custos logísticos, jurídicos e de mão de obra. Por exemplo, o agronegócio se tornaria uma agroindústria com o uso de big data. “A IA tem o potencial de integrar os dados do setor e dar mais escala para os pequenos produtores”, diz. “Isso significa que em vez de exportar soja, o Brasil começaria a comercializar leite de soja.”
Luiz Henrique Didier Jr., CEO do Bexs Banco concorda. "O Brasil ainda é muito “fechado” e precisa se abrir ao mercado internacional por meio da digitalização", diz. Segundo estimativa de Didier, se o Brasil destravasse o seu comércio internacional passaria da oitava para a sexta maior economia do mundo. “Nós ainda só conhecemos o mercado local, mas o pouco contato que temos com o comércio externo já é feito pelo ambiente digital, como o ecommerce”, diz. “É necessário investir nas novas tecnologias para aumentar nossa presença internacional.”
Para Didier, o perfil do Brasil contribui para essa internacionalização. “O brasileiro gosta e está aberto à novas tecnologias”, diz. “Como é um mercado grande, temos o potencial de ganhar escala mais rápido e levar para fora”. Características que, segundo o executivo, ainda tornam o mercado local atrativo para o estrangeiro.
O professor ressalta que os EUA têm aumentado seus gastos em pesquisas tecnológicas para conseguir competir com a China nos próximos anos. “Os investimentos em tecnologia se intensificam quando se está em crise”, diz Vicente. “Não podemos perder essa oportunidade.”
Fonte: Época Negócios