Dólar opera em alta de olho no exterior e aguardando desfecho eleitoral
O dólar opera em alta nesta quarta-feira (24), se mantendo acima de R$ 3,70, de olho na movimentação das moedas emergentes no mercado internacional e após pesquisa Ibope sobre a disputa do segundo turno das eleições presidenciais.
Às 12h45, a moeda norte-americana subia 0,72%, vendida a R$ 3,728. Mais cedo, o dólar chegou a ser negociado em queda. Na mínima da sessão até o momento foi a R$ 3,6828. E na máxima, a R$ 3,7323.
O dólar turismo é negociado a R$ 3,88, sem considerar a cobrança de IOF (tributo).
Na véspera, a moeda norte-americana subiu 0,21%, vendida a R$ 3,6962.
Cenário interno e externo
Os investidores monitoram o noticiário político, sobretudo em busca de informações "positivas" sobre o provável novo governo, no que diz respeito, principalmente, ao ajuste fiscal.
Os investidores também acompanham a movimentação externa, em dia de comportamento misto das divisas de países emergentes. No pano de fundo, seguem preocupações com o acordo do Reino Unido para deixar a União Europeia, crescimento econômico global, sobretudo da China, tensões comerciais e o isolamento da Arábia Saudita após a morte do jornalista Jamal Khashoggi.
Ação do BC no câmbio
O Banco Central realiza nesta sessão leilão de até 7,7 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares para rolagem do vencimento de novembro, no total de US$ 8,027 bilhões. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.
A expectativa dos investidores sobre a corrida presidencial fez o dólar furar um piso importante neste mês e trouxe de volta discussões sobre a atuação do Banco Central no câmbio.
O BC atuou intensamente no câmbio no 2º trimestre por meio de oferta de swap cambial tradicional –equivalente à venda futura de dólares – para tentar conter o nervosismo dos investidores com as incertezas eleitorais que vinham pressionando fortemente a cotação da moeda norte-americana.
Para onde vai o dólar? Na véspera dólar Subiu e chegou a bater R$3,72
"Muito do que foi ofertado em swap cambial (neste ano) não estava atrelado a nenhum passivo. Agora, com a derrocada do dólar, o investidor precisa sair dessa posição", disse à Reuters o economista e sócio da NGO Corretora, Sidnei Nehme.
O estoque atual de swap cambial tradicional é de US$ 68,86 bilhões, segundo o Banco Central, dos quais pouco mais de US$ 43 bilhões foram injetados em leilões extraordinários entre 14 de maio a 22 de junho, em meio ao nervosismo dos investidores por causa das eleições.
Na ocasião, a atuação do BC gerou críticas de alguns especialistas, avaliando que a oferta da autoridade monetária estava favorecendo a atuação de especuladores.
O dólar, que chegou a bater recorde do Plano Real em 13 de setembro, a R$ 4,1952, passou a perder força e caiu abaixo de R$ 3,70, acumulando no mês até terça-feira (23) queda preliminar de quase 8,5%, segundo cotação do ValorPro.
A projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2018 recuou de R$ 3,81 para R$ 3,75 por dólar, segundo previsão de analistas de instituições financeiras divulgada por meio de boletim de mercado pelo Banco Central nesta semana. Para o fechamento de 2019, permaneceu estável em R$ 3,80 por dólar.
Com isso, começou a crescer a percepção de que há espaço para o BC fazer rolagem apenas parcial, reduzindo o estoque total em swaps, segundo a Reuters.
"Com o recuo do dólar, faz sentido o mercado começar a pensar nisso (redução da oferta de swap para rolagem), mas não quer dizer que seja algo concreto", avaliou à Reuters o operador da corretora H.Commcor Cleber Alessie Machado.
Segundo ele, faria mais sentido o BC esperar o término das eleições e o comportamento do mercado para definir o que fazer. "O BC pode manter a rolagem integral... ir observando, ser mais prudente, e depois definir o próximo passo", disse Machado.
Em dezembro vencem US$ 12,217 bilhões em swaps cambiais. Nos últimos meses, para impedir qualquer tipo de especulação sobre a atuação do BC e limitar os ruídos no mercado, a autoridade tratou de sinalizar que logo pretendia fazer a rolagem integral dos vencimentos.
"Acho que o BC está bastante confortável para esperar antes de se decidir", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado. "A tendência é de queda, o BC tem tempo para decidir", concluiu à Reuters.
Fonte: G1