Etanol brasileiro comemora dez anos de uso em caminhões e ônibus europeus
Foi há dez anos, em Estocolmo, que a Suécia abriu as portas do mercado europeu para o etanol brasileiro.
A primeira utilização se deu no abastecimento de parte da frota de ônibus da capital sueca, segunda maior cidade do país.
Atualmente, segundo dados da UNICA, organização representativa do setor de açúcar e bioetanol do Brasil, aproximadamente 600 ônibus utilizam o produto na capital sueca.
Após a experiência em Estocolmo o etanol passou a ser utilizado por ônibus na França, Noruega e Finlândia, expandindo o uso do biocombustível para caminhões.
Segundo a montadora Scania, já foram comercializados mil veículos “pesados” com tecnologia para substituir o diesel pelo renovável.
Alfred Szwarc , consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), “a emissão de gases de efeito estufa pela queima de combustíveis fósseis (gasolina e diesel) nos veículos ‘pesados’ são preocupantes, ainda mais na Europa, altamente dependente do diesel mineral. Neste aspecto, o etanol representa uma solução de rápida implementação, pois existe em abundância e tem uma tecnologia consolidada para a sua utilização”.
Em nota da UNICA, o engenheiro de Pré-Vendas da Scania no Brasil, Emilio Fontanello, revela que a multinacional sueca tem recebido muitas consultas sobre o motor a etanol.
“As empresas que possuem metas de redução na emissão de CO2 têm no motor a etanol um grande aliado para atingir as metas, com a redução de até 90% em CO2”, avalia.
A Scania foi pioneira ao comercializar os primeiros caminhões movidos pelo combustível sucroenergético na América Latina.
A substituição do diesel pelo etanol nos ônibus suecos começou há exatos dez anos, em outubro de 2007, através do projeto BioEthanol for Sustainable Tranport (BEST).
A iniciativa nasceu da parceria entre empresas e entidades brasileiras, incluindo a UNICA e a Universidade de São Paulo (USP), além da União Europeia (UE). Deste esforço nasceu a introdução dos primeiros ônibus movidos pelo biocombustível de cana no país, especificamente na região metropolitana de São Paulo. Após testes, a prefeitura do município de São Paulo incorporou 50 ônibus movidos a etanol à sua frota urbana no início de 2010.
A recém-criada Lei de Mudanças Climáticas determinava então a substituição anual de diesel por algum tipo de energia renovável em 10% da frota. A legislação impulsionou a adoção de novas tecnologias limpas no transporte público, com o advento do programa Ecofrota, criado na SPTrans. Em 2011 surgiu o diesel de cana, biocombustível que chegou a abastecer 402 ônibus antes da Lei de Mudanças Climáticas ser abandonada por problemas de planejamento e contratos.
Segundo a SPTrans, somente 1,4% dos quase 15 mil ônibus rodam sem energia poluente, dos quais 200 são trólebus, 10 a etanol e dois elétricos com bateria.
De acordo com o Banco Mundial, no mínimo 5,5 milhões de pessoas (62 mil no Brasil) morrem prematuramente por problemas cardiovasculares, câncer de pulmão e outras complicações respiratórias causadas pela poluição, principalmente crianças e idosos.
Fonte: Diário do Transporte